A cortina

Luiza Porto
1 min readAug 1, 2023

--

Há sempre uma tarde em que tilinta o sino dos ventos, e trazem de volta a memória do teu nome.

Me lembrando de um tempo em que te chamei nos alísios eternos, como um menino apaixonado vivendo um romance de época, escrevendo poemas medíocres, num diário desprovido de segredos.

E no ritidoma das árvores gravando nossas iniciais, como se isso fosse fazer sobreviver o tempo, quando ele finalmente viesse, e não demorou.

E o vejo agora, bonito e triste como um garoto que viu todas as coisas do mundo, mas ainda traz consigo uma canção.

Essa, que chega com o vento, balançando as folhas das árvores, levantando as cortinas como uma dança, como um canto num salão lá em Vienna, take this waltz, take this waltz.

Ecoa, rompe as cortinas cheias do pôr do sol.

Penso que meu amor envolve-se aos minuanos, ao tempo, a tarde, e traz o teu nome como uma prece…

Tomam conta da varanda, e do meu coração 🤍

--

--