Hipnos
400km com o vento cortando o rosto, madrugada fria, eu sei o que vai acontecer, e repito as mesmas palavras “não tememos nem a morte..”
Consciente me pergunto quem de nós ?!
As mãos trêmulas por ser eu o dono do ato da minha decadência e destruição.
Me pertence o acelerador, descongestiona e abre passagens infinitas de uma 040 enraizada em meu subconsciente.
O som se propaga em meu elevar, não tenho controle, me entreguei a sorte.
Eu sei o que vai me consumir em quilômetros ao som de metais em choque. Não temeis. É um sonho já o vi antes, ouço, como se o meu consciente pudesse me falar.
Num instante um choque, um portal, escuridão e tudo flui, não vejo, sinto a testa ralada, o cheiro de sangue e gasolina, o sonho se transforma em desespero.
Me sinto ser arrancada de dentro desse sentimento, sobra uma lembrança que não conheço e que me dilacera, pela manhã acordo e as marcações no chão ainda estão em meus olhos, percorro a uma velocidade infinita..
Desapareço abrindo um vácuo entre mim e mim.