Luiza Porto
1 min readApr 23, 2023
Morfeu, Jean-Bernard Restout (1732–1797), óleo sobre tela

Hipnos

400km com o vento cortando o rosto, madrugada fria, eu sei o que vai acontecer, e repito as mesmas palavras “não tememos nem a morte..”

Consciente me pergunto quem de nós ?!

As mãos trêmulas por ser eu o dono do ato da minha decadência e destruição.

Me pertence o acelerador, descongestiona e abre passagens infinitas de uma 040 enraizada em meu subconsciente.

O som se propaga em meu elevar, não tenho controle, me entreguei a sorte.

Eu sei o que vai me consumir em quilômetros ao som de metais em choque. Não temeis. É um sonho já o vi antes, ouço, como se o meu consciente pudesse me falar.

Num instante um choque, um portal, escuridão e tudo flui, não vejo, sinto a testa ralada, o cheiro de sangue e gasolina, o sonho se transforma em desespero.

Me sinto ser arrancada de dentro desse sentimento, sobra uma lembrança que não conheço e que me dilacera, pela manhã acordo e as marcações no chão ainda estão em meus olhos, percorro a uma velocidade infinita..

Desapareço abrindo um vácuo entre mim e mim.